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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Retornando à Essência: O Despertar da Ovelha Negra

  O Despertar é a parte mais bonita de todo o caminho. Ele ocorre como um fluxo ilimitado de luz no meio da escuridão, da dúvida e da insatisfação. Eu fui criado com uma mãe evangélica à todo vapor pra me fazer um bom “crente”. Eu estudei em escola evangélica, minha mãe me levava para a Igreja constantemente, mas nada tirou de mim, quando eu cresci, a sensação de algo estar errado no mundo. Alguma coisa estava fora do lugar, as peças não se encaixavam, pelo menos, não as peças que me deram. No fundo eu sabia que existia algo que não me mostravam, algo que eu devia buscar ou então nada faria sentido. Deus seria um ser sádico e injusto, não havia lógica alguma na salvação, e sequer na criação de uma existência que vive numa única forma e depois desaparece ou cessa sua influência. Morrer por um descanso eterno me parecia desperdício de existir, já que você se torna um inútil. E se o universo existe por inconstáveis milênios, porque haveria de ser povoado por seres tão insignificantes e limitados?! Mas foi na escola que a base do meu despertar se apresentou, na forma de um princípio básico da ciência. “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.”
  Eu sentia um grande incômodo quando vi todos chorando à minha volta quando minha bisavó morreu. Eu a amava, mas não conseguia chorar. E foi o mesmo com meus avós. Eu sentia uma imensa tristeza por não tê-los aqui. Mas tudo que eu conseguia fazer era pensar o que aconteceu depois. Porque no fundo eu sabia que havia um “depois”. Eu não queria meus parentes de volta, porque algo dentro de mim me dizia que isso era errado. Que o certo seria eu ir até eles, em algum momento. Que se Deus era realmente justo, aquilo era tão necessário quanto recompensador, já que Deus não criaria algo que não resultasse em evolução. Aquele corpo não era mais receptáculo deles, mas sua personalidade não se encontra no seu corpo. E sua mente não pode ser tocada. Então porque o real ser deveria desaparecer com o fim de um corpo, se até aquele corpo não teria fim? Mas se transformaria em algo pela própria natureza? E chegou um momento em que a revelação aconteceu. Eu descobri que havia outros caminhos, caminhos que não me mostraram, que não me deram o direito de escolher. E como foi maravilhoso saber que eu não estava louco. Que outros antes de mim pensaram o que eu estava pensando, que viram os mesmos espaços em branco que eu vi. Eu não estava sozinho. Minha loucura era normal.



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