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quinta-feira, 8 de maio de 2014

Retornando à Essência: Ciganas Dançam Como o Vento

  Agora, sem preconceito, sem medo e com uma imensa vontade de descobrir o mundo que minha avó vislumbrou, procurei um terreiro de Umbanda onde pudesse falar com uma entidade à meu respeito. Infelizmente, isso pode ser mais difícil do que parece. O que não falta no Brasil são Pseudo-Umbandistas querendo ganhar dinheiro em cima de um otário. E eu obtive minha resposta de forma natural através da sincronicidade. Havia um grande terreiro no caminho para a faculdade que eu ingressara. Por coincidência, meu primeiro contato na Umbanda seria em um Templo que levava o nome do meu Pai de Cabeça. E a gira que dispersou minhas dúvidas foi uma gira de Exu. Não fazia ideia de como me portar, como uma gira funcionava. Então, acompanhei os outros e perguntei como era o cronograma do evento. Uma moça me explicou a ordem, do início dos pontos cantados até a consulta. Após isso, eu poderia ir embora. Os pontos cantados eram intensos e pareciam ressoar comigo, como se eu estivesse reagindo ao ambiente, vibrando de forma diferente. A gira tinha um ar de festa, alegria, vitalidade. Eu me sentia cada vez mais revigorado. Quando as entidades foram incorporadas, foi magnífico.
As pessoas imaginam, falam, criticam, tecem teorias, mas nada disso tem valor mediante a visão do ato em si, estar lá, de coração aberto. Nenhuma sensação negativa te aflige, não há esse horror nas entidades que as pessoas assemelham à demônios. Claro que isso ocorre em terreiro sérios. Muitos centros por aí são uma verdadeira bagunça e um show sem igual. A última coisa que as entidades fazem é trabalhar e, muitas vezes, isso ocorre por causa dos médiuns despreparados que confundem –se em relação às entidades e ao entrar em transe assumem características suas acreditando estarem incorporados em um Exu ou Pomba Gira. E xingam sem controle, dançam e se esfregam nos consulentes. Esses, sem sombra de dúvida, não estão incorporados, pelo menos não por um Espírito Guardião. Os Exus e Pomba Giras são muito humanos, grande parte deles encarnou e trazem traços humanos. Mas isso não será predominante, seu trabalho constante durante toda a gira sim. Entidades de verdade tem doutrina e responsabilidade, não estão ali para se mostrar. Pode ver pela mensagem que passam e pelas energias sentidas.

  Voltando à gira... um entidade em particular me chamou atenção. Era uma cigana vestida de branco e dourado, segurava uma pandeirola e dançava com um sorriso no rosto de paz interior. Eu observei as entidades com grande atenção, seus jeitos, suas gargalhadas, suas formas de andar, os símbolos em suas roupas. E enfim, chegou o momento da consulta. Na época, eu não sabia que podia ter preferência e escolher a entidade, mas como não conhecia nenhuma, acredito que não teria ganho tudo o que ganhei. Fiquei na fila aguardando a minha vez. Quando chegou minha vez, fui encaminhado por um assistente que me levou até a entidade com quem me consultaria. E lá estava a cigana que chamara minha atenção e, agora, eu descobriria o porquê.


  Ela me disse sobre minhas energias, o que eu havia vindo fazer aqui, que a minha escolha de profissão não estava errada e eu seria bem sucedido enquanto não abandonasse meus estudos. E ela não se referiu somente à faculdade. Coisas entrariam em meu caminho e eu precisaria do devido conhecimento para lidar com isso. Também disse 3 entidades que me acompanhavam. Foi minha primeira consulta e eu havia levado o mais agradável soco no estômago que se pode imaginar. De uma única vez eu descobri porque me sentia tão estranho, que tipo de energia eu tinha e entidades que me acompanhavam. Ela viu tudo o que havia em mim e confiou que eu estava pronto para saber as coisas que ela me contou. E eu ainda lembro como se fosse ontem, todas as sensações inexplicáveis de receber aquelas palavras. É como fazer terapia e se descobrir. Posteriormente, em outra gira, ela me deu o que considero um dos presentes mais valiosos que tenho. Considero-a como minha madrinha. Aquela que me iniciou na Umbanda. Como entidade, foi minha primeira Companheira de Jornada.

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