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quarta-feira, 21 de maio de 2014

Retornando à Essência: Sincronicidade

  Jung descreve a sincronicidade como uma cadeia de eventos que não são causais, mas se relacionam por terem significado. Ocorrem quando dois eventos que não possuem relação de causa e efeito, mas se relacionam por seu significado. Por exemplo, você precisa muito encontrar um amigo, mas não tem tempo de ligar para ele. Quando sai de casa, encontra com ele. Entre as milhões de possibilidades, horários, caminhos, simetria de tempo, espaço e escolha, vocês escolhoram o que faria vocês se encontrarem. Isso é sincronicidade.

  Engraçado como as coisas se encaixam. Entrei na faculdade e uma série de oportunidades se abriram pra mim. Principalmente na parte de amizades. Descobri que o pessoal de Psicologia adora botar o pé do outro lado da vida. Tenho um amigo que faz Johrei, amigos espíritas, umbandistas. É uma diversidade só. Uma amiga umbandista achou um centro próximo da faculdade. Umbanda cruzado com Candomblé. Chamou a mim e uma outra amiga nossa, que precisava falar com um Tranca Rua, e acabou não indo por causa de um imprevisto. Acabamos chegando cedo ao local, pois ela também nos informou a hora errada do início da gira. Mas considerando que eu pude conversar bastante com o Pai e a Mãe de Santo do lugar, não me importei com isso. Ela me explicou o funcionamento da casa, dos trabalhos, etc. As pessoas foram começando a chegar e a gira se iniciou. Primeiro, tocaram para os Orixás. Então, vieram os Pretos Velhos, aqueles da história do outro texto. Foi quando a linha da esquerda começou a se manifestar. E a mesma jovem que havia incorporado a Vó Rita com quem falei, incorporou uma Pomba Gira. Sua forma de agir era interessante. Parecia um cangaceiro. Um olho cerrado, quase completamente fechado, a boca parecia estar fumando algo. Brincou comigo a gira inteira dizendo:


— Mas você não vale nada, hein?! — enquanto ria.


  Até hoje não sei porque ela disse aquilo. Ela também não me disse à que se referia, mas parecia estar vendo a minha alma quando dizia aquilo. Pra mim era fácil entender a mensagem das entidades, o que queriam dizer, a que se referiam na minha vida, mas eu não fazia idéia do que aquilo queria dizer, mas eu sei que tem uma razão, sempre tem. Agora, escrevendo esse texto, penso que ela pode ter visto minha vida passada. Algo que eu repeti aqui sem nem me dar conta, algo que eu não devia ter feito e fiz. E nem teria consciência de que ocorreu. De qualquer forma, eu estava louco pela resposta, mas não a obtive. Talvez não pudesse ouvir a resposta ainda. E como Exus e Pomba Giras são da Sephira de Hod, nada mais normal que te provocarem a buscar o conhecimento. Chegando na hora do círculo de limpeza, ela passou por mim, apertou minha mão com força, parecia o aperto de mão de um soldado, e disse:


— Pomba Gira da Figueira, moço. Quando precisar é só chamar.


  Minha cara foi ao chão. Vocês não devem estar entendendo muita coisa, mas, eu passei o dia inteiro pensando nessa entidade. Não sei porque. Seu ponto cantado começou a ecoar na minha mente logo no início do dia e eu pensava comigo mesmo. “Nunca vi uma Pomba Gira da Figueira antes”. Quais eram as chances de eu encontrar uma entidade exatamente daquela falange naquele terreiro?! Principalmente incorporando em uma médium que não trabalha lá?! Não voltei à encontrá-la. Na verdade, não voltei àquele terreiro. Inclusive, tenho saudades da simpática Mulambo que conversou e dançou comigo. Agia de forma semelhante à uma criança. Desencarnou cedo, segundo ela. Quem sabe eu não pego detalhes da história dela na próxima vez?! Mas ainda guardo o presente que ela me deu com muito carinho. Acho que já é hora de rever antigos lugares. Devo ter coisas para escutar.

  E como eu não fui o único a me beneficiar da Sincronicidade, o Pai de Santo recebia o Tranca Rua com quem minha amiga tanto queria conversar. Haja sorte nesse mundo. rsrs'

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