Onde Estão Seus Olhos?

  O foco é necessário. Isso é fácil de entender. Concentração significa convergir, centralizar. O princípio de todo desenvolvimento interno é a concentração em si. O que é deveras complicado devido à ação do meio. Nada feito por uma mente dispersa terá uma qualidade agradável. É preciso concentração para acumular a vontade num ponto e então manifestá-la intensamente. Como diz meu professor: Essa concentração é a diferença entre uma bomba e um foguete. Muitas vezes deixamos que o mundo ao nosso redor nos distraia. Somos absorvidos pelo mundo profano e esquecemos nossa parte sagrada. É difícil se concentrar quando estamos recebendo ordens, escrevendo um relatório ou andando de um lado para o outro. Boa parte do desenvolvimento inclui exercícios que buscam desenvolver a visualização e a concentração. O trabalho no mundo profano é necessário, mas sem esquecer a divindade. Já perdi a conta de quantas visualizações eu devia manter durante o dia todo e se desfez quando dirigi minha atenção à primeira conversa. A nossa mente não é treinada para imaginar, e sem imaginação não há visualização.

  Toda criação é assim. Primeiro se imagina. A ideia nasce no plano mental quando a imaginamos por muito tempo. Mas é somente uma ideia. Depois, visualiza-se no plano físico. Quando o fazemos, doamos ectoplasma e ela se cristaliza no Astral. Esse é o princípio de manipulação do ectoplasma. Uma fonte de energia muito valiosa e que vai ser utilizada em tudo que você fizer. Não adianta fazer os rituais mais difíceis se você não treinou sua mente para isso. Na melhor das hipóteses, nada acontece. No pior dos casos, você acende um farol de luz frágil que vai atrair seres de baixa vibração. Treinar a mente é o primeiro passo. Sempre. Mas existe uma segunda problemática. Onde está o foco?

  Nem toda concentração será benéfica. Tudo em excesso provoca desequilíbrio. E o foco exagerado gera tensão e prejudica a consciência e a saúde do corpo físico, que fica exausto por causa do esforço mental. O mais comum dos erros é que se foque em obter de volta o passado. Como o presente é trabalhoso e o futuro é incerto, sente-se saudades imensas do passado que não existe mais. Só que esse foco é uma corrente que torna-nos inerte. Mata-se o futuro e o presente é ignorado.

  Nossa visão periférica é a prova de que devemos olhar tudo sem nunca ignorar os arredores. Deve-se viver o presente, mas sem esquecer o passado que nos trouxe

até aqui, ou o futuro que nos aguarda como consequência das nossas escolhas. É um sutil equilíbrio entre o que escolhemos dar atenção, enquanto vigiamos o que envolve o presente para que ele não seja perturbado. Às vezes, o passado não nos deixa viver o agora, às vezes, ressuscita para tentar nos arrastar de volta. Outras vezes, o futuro nos atormenta com visões imaginárias que colocam nossa vida atual numa inércia tão profunda, deixando-nos a sonhar com um futuro que não trabalhamos para construir.




  O trabalho do desenvolvimento espiritual exige vigilância, paciência, força de vontade e consciência. Conosco e com o mundo ao nosso redor. Como um grande mestre disse uma vez:

“Orai e Vigiai”.

E em minha arrogância, eu ouso complementar sua frase com um simples:

  A si mesmos.

  Espero que tenham gostado. Que tudo prospere!