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sexta-feira, 22 de maio de 2015

Sobre a tagarelice





Este é um capítulo de um livro em que Plutarco discursa sobre a tagarelice como um mal da humanidade. O livro contém outros dois capítulos sobre os quais eu não vou falar.


“...eles não encontram ouvintes que os ouçam ou que acreditem neles. Dizem que o esperma daqueles que tendem muito à união carnal é estéril; do mesmo modo, a palavra dos tagarelas é sem efeito e sem fruto.”

  Aqui, Plutarco se refere à qualidade das palavras tagareladas como um rio de água podre. Que mesmo que jorre em abundância, não tem qualquer proveito pela sua falta de qualidade. Os tagarelas não dão valor à palavra, e a desperdiçam sem qualquer cuidado. Buscam atenção e admiração pela sua suposta eloquência, mas sua fala é mais incômoda do que educativa, tornando seu discurso irritante aos ouvidos presentes.


“A tagarelice acompanha-se de curiosidade, e esse mal não lhe é inferior: queremos saber muitas coisas por termos muitas coisas que contar.”


  O segredo é a virtude mais distante do tagarela, pois ele se nutre de atenção. E através dela obtém prazer em ser ouvido e, para isso, necessita ter o que falar. Para ele não existem segredos, existem histórias, mercadorias que ele troca pelos ouvidos alheios.