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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Retornando à Essência: Companheiros de Jornada I

  Eu já disse antes e vou repetir. Essa jornada é difícil e, em muitos momentos, solitária. Então, conforme o seu grau de consciência se eleva, coisas inferiores vão sendo deixadas para trás. Aquilo que não acompanha o seu desenvolvimento ainda está preso no status quo e vai tentar te puxar de volta ou terminará por te deixar. Então, esteja pronto para perder amizades e terminar relacionamentos que te vampirizam, te atrasam e não te compreendem. É como se um filtro atuasse na sua vida para te purificar. Por ser um caminho de desenvolvimento, quem não conseguir ir com você, vai te puxar de volta pra lama. Quem está no lodo não quer ficar ali sozinho. Alguns vão ver o seu bem estar, o seu brilho, o seu sorriso e vão querer te acompanhar, ou, no mínimo, respeitar a sua escolha, outros não. Por isso é preciso dar muito valor aos que ficam e aos que chegam depois que sua busca tem início. Pois assim como alguns partem, outros chegam. A mudança interna traz mudanças externas. E dada essa longa introdução, fica mais fácil entender o resto do texto.
  Como vocês devem lembrar, eu acabara de sair de uma prisão e achei algo mais “concreto”. Enquanto isso, um grande amigo que eu conhecera enquanto praticava karatê, dentre os poucos que eu tinha, também tinha interesse pelo oculto. E como vibrações semelhantes se atraem, facilmente começamos a caminhar juntos. E foi um grande alívio ter com quem conversar. Você sente energias, tem sonhos estranhos que, às vezes, parece controlar. E todo mundo diz que é besteira as coisas que acontecem com você, que não são nada. E ninguém é capaz de te dar uma resposta satisfatória para as coisas que te ocorrem.

  Meus pais são tradicionais, mas meu pai nunca se meteu nas minhas escolhas. Nunca questionou eu ter escolhido a Psicologia, o Karatê, nem mesmo minha jornada espiritual. Mas minha mãe já tinha um caminho religioso determinado para nós. Ela só seria feliz se estivéssemos na igreja evangélica, e isso ninguém queria. Nem meu pai, meu irmão e, principalmente, eu. Nenhum de nós queria aquele lugar. A igreja evangélica é um lugar pesado pra quem tem mediunidade. As energias são muito intensas e fora de controle. Isso é muito prejudicial energética e mentalmente. Desde os 4 anos, que é quando eu me recordo, minha mãe nos arrastava para lá e conforme eu ia crescendo, maior era o meu desconforto. Aos poucos, essa influência foi cessando e dando lugar à paz dentro de mim. Nós não íamos mais à igreja. E então, entra em cena uma figura muito importante nessa história: Minha avó.
  Mas a história dela vai ser contada à parte em um texto só dela. Basicamente, eu estava sozinho dentro de casa também. E pior. Tinha alguém energeticamente averso que desprenderia energia mental e emocional para atrapalhar meu desenvolvimento. É triste, mas muitos sofrem esse mesmo problema. A falta de confiança nas escolhas dos filhos é e sempre vai ser um problema. Fruto de um julgamento interno de ter falhado na criação ao ver que não tem controle absoluto sobre a prole, eu imagino. Mas, no final, eu vou explicar como contornar esse problema.
  Agora eu tinha um amigo, um confidente, e assim como eu, vocês devem valorizar infinitamente a presença de pessoas que te compreendam. E eu o fiz. O pior momento foi quando ele se deixou envolver por energias densas e acabou num culto de Stregherie, que de bruxaria não tinha nada. Era uma grande mistura. Um suposto culto lunar, onde ingressavam homens e incorporava-se Exus e Pomba-Giras. Algo não estava correto e eu sabia. Mas não podia fazer nada para ajudá-lo. Aonde eu estava, não podia leva-lo. E se você não oferece nada em troca, o primeiro pensamento a emergir seria o da inveja. Eu precisava aguardar o momento certo de plantar a semente da dúvida nele. E como eu precisei de tempo. Quase dois anos, na verdade. O principal trabalho das seitas que pertencem à espíritos vampiros, kiumbas e eguns é te alienar. Eles te dão verdades absolutas, te privam de conhecimento externo, exigem de você trabalhos intensos e desgastantes mentalmente, para que você não tenha tempo para raciocinar o que está acontecendo. Tudo isso enquanto espíritos mal intencionados sugam sua energia e te dão a ilusão de ser o mais poderoso feiticeiro que existe. Eu tive que ver meu amigo emagrecer drasticamente, sua aparência era semelhante à um mendigo. E eu me lembro quando os pais dele me chamaram para conversar. Me dizendo que ele estava brigando com todo mundo dentro de casa, com a namorada, passava quase o final de semana todo no lugar em questão e sempre voltada com raiva pra casa. A vida dele se desarmonizou completamente. E eu disse as seguintes palavras: Eu não posso pedir pra ele sair de lá. Só se eu tiver um lugar pra levar ele e eu não tenho. Ele vai achar que é inveja minha e vai me afastar também. É isso que esses lugares fazem. Induzem a cortar relações benéficas pra evitar que alguém desperte. Mas ele vai perceber as consequências e, em algum momento, vai se incomodar com o que está acontecendo lá. E quando isso acontecer, eu puxo ele, podem acreditar.
  Foi tudo que eu podia dizer e fazer, no momento. E aconteceu o fato que abriu minha consciência para a trama real. Eu nunca havia estado lá para ver o que era. Um dia, estávamos a passear e conversar sobre a namorada dele. Ela estava desenvolvendo mediunidade naturalmente e começou a ver vultos em sua casa. Por diversas vezes, eu conversei com ela, e depois que eles terminaram, os vultos sumiram. Era algo como um campo de reação envolta dele. Nessa caminhada, papo vai, papo vem, pegamos um ônibus e ele acabou me levando lá. Só percebi mesmo aonde estávamos indo quando já tínhamos entrado no ônibus. Não me arrependo, de jeito nenhum. Eu estava consciente da minha vontade de conhecer e matar a minha curiosidade. Quando chegamos lá e eu entrei, foi quando percebi o que realmente era. Era como se o lugar estivesse brigando comigo, tentando me expulsar. Eu senti a agressividade energética do lugar e a sensação de incômodo tomou conta de mim, de forma que eu quis sair no exato momento em que entrei. Mas eu me concentrei em observar e colher o maior número de dados possíveis. Conheci algumas pessoas, a maioria adolescente, fase de crise de identidade, perfeito pra se confundir com tudo e todos, inclusive com entidades que incorpora. Principalmente pela vontade de se tornar maior que os pais. Entendi perfeitamente o que estava acontecendo e, agora, eu sabia exatamente com o que estava lidando. E era pior do que eu pensava, porque a entidade que comandava tudo aquilo, agora sabia quem eu era e o que eu queria. Mas ocorreu o que eu havia dito aos seus pais. Ele começou a questionar e se incomodar com o funcionamento do lugar e veio conversar comigo pra desabafar. Foi quando eu acertei minha flecha em cheio na sua dúvida. Falei tudo que havia para ser dito, inclusive o estado em que ele se encontrava e o estado emocional de seus pais. Ele concordou e saiu de lá. Eu havia tirado meu amigo do lodo. Não se abandona aqueles que estão ao seu lado no momento de confusão, mas lembrem-se que não serão úteis se caírem no mesmo pântano em que estão aqueles que quer ajudar. Antes de tudo, é preciso que eles queiram ser ajudados.
  E àqueles que não te compreendem ou tentam te limitar, principalmente, dentro de casa, lembrem-se que eles estão presos pela própria irracionalidade. Não entre na mesmo cela para brigar com eles ou convencê-los. Viva, sorria, mostre-se bem e feliz. Essa é a maior prova de que você está no caminho certo. E um dia, quem sabe, eles consigam sair dos seus pântanos também.

Parafraseando um grande sábio: Diga-me com quem andas e te direi quem és. Não pelos que te rodeiam, mas pelo papel que desempenha na vida deles.


Um comentário:

  1. Adorei a forma simples que descreve os campos de energias e como lidar com o desequilíbrio.

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