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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Loki, a Caverna e a Roda de Samsara

  Loki é um Deus Nórdico muito complexo. Faz parte do grupo que chamamos de Tricksters, os deuses travessos. Constantemente pregando peças nos outros deuses, foi nomeado como o Diabo Nórdico quando a Igreja passava por esses lugares tentando converter as pessoas e cristianizar os deuses das outras religiões.
  Meio Gigante e vive com os Aesir, Loki é exatamente a manifestação de Hod como consequência das Sephiroth acima. Os gigantes em Binah e os Aesir como os deuses guerreiros de Geburah. Enquanto os Aesir são guerreiros, os Vanir são deuses relacionados à fertilidade.
  Loki é Deus do fogo, da magia, dos truques, pode assumir a forma que quiser e possui 4 filhos de aparência peculiar. O cavalo de oito patas, Sleipnir; a deusa do mundo inferior parcialmente deformada, Hel; o lobo que dará início ao Ragnarok, Fenrir; e a serpente Jomungand, que envolve a Terra e morde a própria cauda. Algumas lendas são muito interessantes, no sentindo simbólico, mostrando lições e revelações históricas importantes sobre a espiritualidade.
  Jormungand nos mostra a existência dos ciclos, da renovação e de que nada fica parado. Tudo que não é resolvido retorna ao ponto de encontro. Esse ponto onde esses carmas ocorrem são chamados de Nós Cármicos. É por causa deles que repetimos a mesma coisa várias vezes, os mesmos erros, os mesmos relacionamentos fracassados, as mesmas escolhas que nos causam dor. São também o motivo de encarnarmos. Desatar esses nós. O círculo representa a energia fluindo perfeitamente. Não há cantos, não há resistência, apenas fluxo constante. E assim devemos ser. Deixar nossa energia fluir. Represá-la é inútil e o acúmulo resulta em dores, angústias. Nada na natureza tem fim, nada pára. Sermos estáticos é uma ofensa contra o espírito.

  Hel nos ensina a renovação. Metade do seu corpo é belo e esbelto, enquanto a outra metade são ossos. É a imagem perfeita da íntima relação entra a vida e a morte como partes, não como todos. A morte sempre gera vida e a vida sempre gera morte. Esse ciclo está contido em Jormungand mordendo a própria cauda. A morte de um alimenta a vida de outro e a vida de um é a morte de algo. A encarnação por si é a morte da liberdade do espírito. É um ato de amor, acreditar que a personalidade terrena servirá ao Universo com a mesma vontade que ele ao decidir encarnar, mas abdica-se dos mundos superiores e da liberdade que é a ausência do corpo físico.
  Um dia, os deuses estavam se divertindo atirando coisas em Balder. Este não podia ser morto. Quando Loki se fez presente, viu que um arqueiro cego, Hoder, não estava se divertindo e perguntou o porquê. Ele respondeu-lhe que não tinha nada para atirar. Loki se irava com a popularidade de Balder e foi atrás de algo que pudesse feri-lo. Em Gylfaginning, Balder tem sonhos com sua morte e Frigga intercede fazendo com que todos os objetos prestem um juramento de não ferir seu filho. Infelizmente, o visgo é uma planta que cresce dentro das cavernas e não presta juramento ao Deus Sol. Loki faz então, uma flecha de visgo e dá ao arqueiro para que atire em Balder. E este cai morto. Hel promete ressuscitar Balder se todos os seres derramarem uma lágrima pela sua morte. Todos, exceto a gigante Thok, atendem ao pedido, forçando Balder à permanecer morte até o Ragnarok. Posteriormente, os deuses descobrem que Thok é Loki disfarçado e o capturam. Prendem-no nas profundezas de uma caverna e colocam uma cobra sobre sua cabeça derramando veneno em seu rosto. Sigyn, esposa de Loki, permanece ao seu lado, com uma vasilha, armazenando o veneno para que não o machuque. Mas, ao levantar-se para jogar o veneno fora quando a vasilha está cheia, o veneno machuca Loki e seus gritos são tão fortes que a terra treme e os terremotos ocorrem.
Loki representa nós mesmo, presos na terra, no mundo físico. O veneno são os desafios da reencarnação e Sigyn são as pessoas que caminham conosco no meio desse tormento. Não importa como ou porque viemos para cá. Vamos sofrer. E até nos libertarmos da Roda de Samsara, o veneno cairá em nossos olhos de tempos em tempos e gritaremos por salvação, amparo e liberdade das correntes que nos prendem no fundo dessa caverna. As pessoas que nos amam a ponto de entrar nessa caverna conosco de bom grado são os milagres que nos são concedidas pelos méritos conquistados. Devemos ser fiéis à elas ou terminaremos sozinhos nessa caverna, sem ninguém que veja beleza em nós, com apenas a escuridão como companhia e as dores do veneno do mundo caindo diretamente em nosso rosto, sem piedade.


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