Chegamos ao último estágio. A exposição do ser. A supervalorização da imagem, da forma. O selfie. Existe apenas uma regra. O melhor ângulo para a beleza absoluta. Existe sempre um rosto a ser compartilhado, uma pose a ser mostrada. Mas qual o intuito, além de se mostrar? Literalmente. A importância de mostrar seu estado atual para todos é semelhante à fama. Fazer com que a sua vida seja semelhante à de um artista. Seja pública. E talvez essa seja o maior dom e maldição das redes sociais: Transformar vidas pessoais em públicas. Por muito tempo as pessoas "comuns" almejaram a fama. Serem badalados. Era um sonho de vida ser adorado por todos. Mas aos poucos, esse sonho foi desfeito pela realidade da falta de privacidade. Então as redes sociais possibilitaram selecionar o conteúdo público, selecionar o público e com uma maior abrangência do que a mídia da época.
Mas o que nos diz a era do selfie sobre as pessoas? À mim, parece que existe uma inversão de valores em relação ao conteúdo das redes sociais. Como se uma dezena de fotos de si mesmo valesse mais que um texto construtivo. Talvez uma necessidade de confirmar aquilo que nunca se teve resposta clara: Eu sou atraente? Bonito(a)? Interessante? Ou talvez se tenha consciência do vazio interno e se volte para o exterior, como uma muralha que evita que os outros vejam esse vazio. De qualquer forma, não existe limite para a perfeição online, nem para quantas fotos de si mesmo se postem, ou mesmo se isso é a única coisa que se posta. Apenas as adorações, curtidas e atenção importam. Narciso deve estar orgulhoso.
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